domingo, 9 de dezembro de 2012

Gale

´...Aconteceu uma única vez. Foi rápido e inesperado, mas aconteceu de fato.
Esperei por pelo menos duas horas. Tinha começado a pensar que ele havia desistido de mim nas semanas que haviam passado. Ou que ele não gostava mais de mim. Ou até me odiava. A ideia de perdê-lo para sempre, meu melhor amigo, a única pessoa a quem confiei meus segredos, era tão dolorosa que eu mal conseguia suportar.
Então levantei os olhos, e lá estava ele... Apenas me observando. Sem nem mesmo pensar dei um salto e o abracei com força. Ele me abraçava com tanta força que eu nem conseguia ver o seu rosto, e demorou um bom tempo até que me soltasse.
Naquele dia, fizemos o que sempre fazíamos. Tomamos café da manha, caçamos, pescamos e colhemos. Então de repente, enquanto eu sugeria assumir as armadilhas que precisavam de um cuidado diário, ele segurou o meu rosto e me beijou.
Eu estava completamente despreparada
Alguém poderia pensar que depois de todas aquelas horas que passei com Gale - observando-o falar e rir e se preocupar -, eu saberia tudo o que deveria saber sobre os lábios dele. Mas não imaginava que eles seriam tão cálidos em contato com os meus. Ou que aquelas mãos, que podiam montar as armadilhas, pudessem me prender com a mesma facilidade. Acho que alguma espécie de ruído escapou do fundo da minha garganta, e lembrei vagamente dos meus dedos, bem fechados e pousados em seu tórax. Então ele me soltou e disse: Eu precisava fazer isso. Pelo menos uma vez.

Tentei decifrar o que estava sentindo em relação ao beijo, se tinha gostado dele ou se tinha me deixado indignada, mas só me lembrava do fato da pressão dos lábios de Gale e do aroma das laranjas, que anda estavam perceptível em sua pele. Não tinha sentido comparar aquele beijo com os muitos que eu trocara com Peeta.

Naquela semana, Gale se comportou como se o beijo jamais houvesse acontecido. Gale havia despedaçado alguma espécie de barreira invisível entre nós dois com aquele beijo. Sei lá o que eu pudesse estar fingindo, jamais poderia voltar a olhar para aqueles lábios da maneira como sempre olhei...

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